domingo, 28 de novembro de 2010

O que me fere

Lá fora me esperam.
Atribuem coisas a mim.
Me tem como guia, farol, exemplo...
Um pouco de ingenuidade,
Outro tanto de maldade.
Um pouco de moscas da praça,
Um pouco de mente dominada
Que se sujeita à mente dominadora.

Perguntas previsíveis,
Condolências consternadas na hora certa.
No momento adequado.
A corrida para ser o primeiro
A dar a noticia boa.

Queria descansar um pouco.
Mas enquanto viver,
Serei queimado com beijos,
Agredido com críticas amistosas,
Sufocado pelo carinho sem razão,
Intoxicado pelo valor que me atribuem.
Enquanto percorro sem rumo as ruas saturadas,
Observo nosso sofrimento quase inconsciente,
Nossa tortura sem precedentes.
Entendo então o inferno proposto.

Um dia todos seremos subjugados pelo tempo,
Seremos engolidos pelo Futuro,
Massacrados pela velhice da carne.
Uma azáfama diuturna sem motivo real.

Queria descansar um pouco


André Machry

Um comentário:

  1. Muito boa a concepção que você teve de um momento, imaginário ou não. Lembrei-me de uma frase, quase uma sentença, de Bernard Shaw, que diz que quando o escritor é profundo, toda obra é uma confissão.
    Mao, Mar'11. Ricardo Nunes

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