quinta-feira, 1 de março de 2012

A Ilha

Trabalhamos, estudamos, desembaraçamos.
A vida inteira nos consumimos nisso, como uma vela.
Estamos produzindo. Alimentamos os sistemas, mantemos o organismo vivo.
Elaboramos planos em reuniões, feeding the monster.
Quase não conseguimos ler ao pôr do sol. Acordar tarde muitos dias seguidamente.
Trocar o dia pela noite, o 'não' encardido dos horários pelo 'sim' animado das horas.
Uma varanda sobre o mar. Um sótão sob o céu. O simples e majestoso 'andar nu'.
Quando envelhecemos por dentro após tantos anos de escravidão capitalista,
Quando nos damos conta do fim com a rejeição da sociedade aos 'velhos';
Quando deixamos de compor ativamente o nosso belo quadro social;
Já é tarde.
Preferimos descansar. Dormir sossegadamente.
Sem sermos mais compreendidos, envelhecemos como em uma cela,
Em um quarto de manicômio.
Ali ruminamos o passado de 'glórias', condenando o presente ensurdecedor.
Uma juventude sem valores e a música moderna sem ritmo, sem conteúdo.
Já é tarde.

E alguns sentiriam vertigem na varanda, ou no sótão.

Viver e gozar de nossa existência ao mesmo tempo... são bem poucos que podem.
Mesmo assim, ilhados, não conseguem ter uma referência.
Ninguém mais (ao seu redor) o faz.

Ficam lá.
'A ver navios'.

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